Adjudicação Compulsória: O Que Fazer Quando o Vendedor Não Transfere o Imóvel?
- Dra. Tatiane Rodrigues
- 25 de fev.
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de mar.
Você comprou um imóvel, pagou todas as parcelas, mas o vendedor não transfere o imóvel para o seu nome? Situações como essa podem causar muita frustração, mas a boa notícia é que existe um caminho legal para buscar a regularização: a adjudicação compulsória.
Neste texto, você vai entender o que é adjudicação compulsória, quando ela é necessária e como minimizar complicações durante o processo, garantindo que seus direitos sejam respeitados.

1 O Que É a Adjudicação Compulsória?
A adjudicação compulsória é um procedimento que permite ao comprador solicitar o registro do imóvel em seu nome, caso o vendedor se recuse ou não possa realizar a transferência da propriedade.
Esse procedimento pode ser tilizado quando o comprador já quitou o imóvel e possui documentos que comprovam a transação, mas, por algum motivo, o vendedor não formaliza o registro. Mesmo sem a assinatura do vendedor, o comprador pode buscar o reconhecimento da sua posse legal.
2 Quando a Adjudicação Compulsória é Necessária?
A adjudicação compulsória pode ser necessária em diferentes situações, como:
a) Recusa injustificada do vendedor em transferir o imóvel mesmo após o pagamento completo.
b) Desaparecimento ou falecimento do vendedor sem que a transferência tenha sido concluída.
c) Construtora ou incorporadora que não regulariza o registro após a entrega do imóvel.
d) Falência ou encerramento da empresa que vendeu.
3 Como Funciona o Processo de Adjudicação Compulsória?
O processo pode ser realizado de duas maneiras, dependendo da situação: judicialmente ou extrajudicialmente.
3.1 Adjudicação Compulsória Judicial
Quando o vendedor resiste ou desaparece, ou quando o caso é mais complexo, a via judicial é a mais indicada. O processo envolve:
Acompanhamento de um advogado especializado, que ingressará com a ação judicial.
Apresentação de documentos.
O juiz analisará o caso e, se entender que o comprador tem direito, emitirá uma ordem para que o cartório registre o imóvel em nome do comprador.
3.2. Adjudicação Compulsória Extrajudicial
Desde a Lei 14.382/2022, é possível realizar o procedimento diretamente em cartório quando não há litígio entre as partes. No entanto, o processo exige alguns cuidados:
Acompanhamento de um advogado especializado, que ingressará com o procedimento extrajudicial.
Apresentação de documentos.
Cartórios habilitados: O processo deve ser realizado no cartório de registro de imóveis competente, onde o imóvel está matriculado.
3.3 Precisa de um Advogado Mesmo no Processo Extrajudicial?
Embora o processo extrajudicial pareça mais simples, a lei estabelece que deve haver a participação do advogado no procedimento.
4 Documentos Necessários para a Adjudicação Compulsória
Para iniciar o processo, é essencial reunir:
Contrato de compra e venda ou promessa de compra e venda.
Comprovantes de pagamento (transferências, recibos, etc.).
Certidões negativas do imóvel.
Matrícula atualizada do imóvel no cartório de registro.
Notificação formal do vendedor (se baseado na recusa do vendedor).7
Ata notarial (se for realizada extrajudicial).
Comprovante do pagamento do ITBI (se for realizada extrajudicial).
Documentos que comprovem o encerramento ou falência da empresa, se for o caso.
Documento que comprovem o falecimento do vendedor, se for o caso.
5 Quanto Tempo Leva o Processo?
O tempo de conclusão pode variar de acordo com a complexidade do caso e a região:
Extrajudicial: O processo pode ser concluído em média até 90 dias, dependendo da documentação apresentada,o caso concreto e da agilidade do cartório.
Judicial: O processo pode durar em média de 6 meses a 4 anos, considerando o andamento do caso na Justiça e a complexidade da situação.
Os prazos acima são apenas uma média, sendo que poderá demorar mais do prazo citado.
6 Exemplos Práticos: Como a Adjudicação Compulsória Pode Ajudar
6.1 Caso 1 – Vendedor Desaparecido
Lucas comprou um apartamento, quitou o valor total e, na hora de registrar o imóvel, descobriu que o vendedor havia se mudado para outra cidade sem deixar contato. Com a orientação de um advogado, Lucas entrou com uma ação de adjudicação compulsória. Após apresentar o contrato e os comprovantes de pagamento, o juiz autorizou o cartório a registrar o imóvel em seu nome.
6.2 Caso 2 – Construtora Não Transferiu o Imóvel
Marina comprou um imóvel na planta, mas a construtora não realizou o registro após a entrega das chaves. Após diversas tentativas de contato, ela optou pela adjudicação compulsória extrajudicial. Com toda a documentação correta e o suporte de um advogado, o cartório registrou o imóvel em nome de Marina sem necessidade de recorrer à Justiça.
7 Por Que a Adjudicação Compulsória é Importante?
Sem o registro do imóvel no seu nome, você corre diversos riscos, como:
Dificuldade para vender o imóvel legalmente no futuro.
Impossibilidade de financiar ou usar o imóvel como garantia em operações de crédito.
Risco de perda do imóvel caso o vendedor tenha dívidas ou problemas judiciais.
A adjudicação compulsória é uma forma de buscar a regularização da propriedade, assegurando a segurança jurídica necessária para proteger o seu investimento.
8 Conclusão: Como Regularizar o Seu Imóvel com Segurança Jurídica
Se você comprou um imóvel e está enfrentando dificuldades para registrar a propriedade em seu nome, a adjudicação compulsória é o caminho legal para buscar essa regularização.
Seja pela via judicial ou extrajudicial, o acompanhamento jurídico é fundamental para garantir que todas as etapas sejam cumpridas corretamente, minimizando complicações e protegendo seus direitos.a usufruir do imóvel com total segurança.
Se você tiver alguma dúvida sobre o que foi escrito, pode entrar em contato pelo e-mail: contato@rodriguesefelix.adv.br, pelo WhatsApp abaixo ou pelos nossos perfis no Instagram: @tatiane.adv ou @rodriguesefelix.
Se a sua dúvida está relacionada ao fato de você estar passando por uma situação semelhante e deseja saber como agir ou quais são os seus direitos, recomendo procurar um advogado de sua confiança. Ele poderá analisar o seu caso específico e fornecer a orientação jurídica adequada.
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